Andei pensando essa semana (que já é semana passada) sobre as minhas músicas. Meu professor de baixo disse que começou a dar uns exercícios de composição pras meninas da banda e eu fiquei pensando como eu faço isso a vida inteira - pelo menos há dois terços dela.
Arte velha
Eu penso nas letras que escrevi na pandemia e elas já me parecem velhas. Perderam um pouco do zeitgeist - mas não tudo. Hoje em dia até a pandemia que durou três anos passa tão rápido. Não dá tempo da gente pensar no que tá acontecendo, digerir os acontecimentos, fazer arte sobre essas coisas então…
Lembrei do pagode da PLR, que surgiu no momento exato de aproveitar a piada, que eu recebi e repassei pra compartilhar a risada, mas que se fosse eu, teria demorado 3 anos pra tirar a ideia da cabeça. “Feito com IA”, disse um amigo, “quem fez aproveitou muito bem o timing”, o mesmo que colocou uma letra que eu escrevi num desses apps que fazem música com IA e o app cuspiu um negócio sem graça (bem feito, porém sem graça) copiando o estilo de umas bandas que eu nem gosto.
Não entrei na febre do ChatGPT. Tenho uma amiga que volta e meia sugere “coloca no ChatGPT pra fazer tal coisa”, acho a ideia válida, mas tenho preguiça. Preguiça de mandar um software fazer qualquer coisa que eu sou capaz de fazer sozinha. Preguiça de deixar meu cérebro preguiçoso. Uma vez a chefinha disse que pediu pro ChatGPT melhorar o texto de um e-mail que ela tava escrevendo e ela se surpreendeu com o resultado. Mais de um chefe já me elogiou pro escritório inteiro ouvir que eu escrevo muito bem sozinha, então dispenso a muleta. Se preciso de uma palavra que não vem, uso a função de sinônimos do Word ou o sinonimos.com.br que nunca decepciona.
Arte lenta
Mas sabe como é, o cérebro humano não tem um servidor com 8 núcleos dedicados para a criatividade, que usa um prédio inteiro e um tonel de água por hora pra resfriá-lo e mantê-lo funcionando. A gente precisa usar as horas úteis fazendo as mais diversas atividades que podiam ser feitas por robôs, e se sobra algum neurônio que não foi frito durante o expediente, ele precisa esperar a boa vontade da inspiração dar o ar da graça.
Arte demora pra ser criada. Qualquer tipo. Fazer música dá trabalho paca. Uma letra precisa de métrica, de rimas, de verso, de refrão. Depois uma melodia que soe bem. E uma harmonia que complemente o conteúdo. E um arranjo que cole todas as partes. Eu queria robôs pra lavar minha louça, recolher os fios de cabelo que caem pelo piso claro da casa, que vá no mercado e me traga as coisas, pra eu ter tempo de fazer minha arte sem pressa e sem ter medo de ser engolida pela próxima trend porque essa piada já ficou velha.
Não preciso de robôs que criem arte. Quero robôs que façam minhas tarefas estúpidas pra eu usar esse tempo pra fazer arte.
Não era bem isso que eu planejava escrever quando comecei, mas enquanto escrevia me lembrei dessa gravação aqui…
Então resolvi fazer mais um desses videozinhos que não dá trabalho pra editar (me arrumem uma IA que edite vídeo, por favor). Gostei dessa ideia de videozinho de áudio com uma imagem de florzinhas atrás. Imagem de verdade, tirada por uma pessoa enquanto andava por aí. E eu tenho um zilhão de gravações nesse estilo pra fazer videozinho, me aguentem kkkkkk
Segredinhos do novo projeto
O ponto era, eu demoro tanto pra fazer as músicas que elas vão ficando velhas dentro da minha própria cabeça, e aí eu começo (de novo) a implicar com o nome.
Mencionei numa edição anterior essa implicância com o nome e já passei por vários:
a primeira ideia era “mais raiva do que medo”, mas já tem um álbum da Plebe Rude com esse nome;
depois eu pensei em “o segundo neurônio”, o que soou bem por um tempo, mas depois achei completamente besta;
aí surgiu a ideia de “2000 de raiva, 20 de medo” pra deixar uma referência ao ano de 2020, mas depois de um tempo começou a parecer super tosco;
tentei tirar referências de dentro das letras das músicas e saí com “brincadeira de mau gosto” (opa essa vcs já conhecem), mas comecei a achar muito clichê;
depois do clichê eu pensei em colocar o nome do álbum o nome de outra música menos óbvia, que no caso seria “suspensão de descrença”, mas isso é outro clichê;
aí num dia de peste da insônia (alguém já é capaz de entender essa referência?) fiz um brainstorm com a minha irmã via whatsapp e tivemos umas ideias legais, tipo “contaminhanação”, que tem um trocadilho com palavra legal e é uma palavra só, it’s my kind of thing;
mas depois a palavra ficou grande e complexa demais e acabei achando que talvez só “contaminação” ficasse melhor, talvez quebrar a palavra, sei lá, eu ainda posso mudar de ideia.
Não sei quando vou começar a fazer as músicas que faltam (são 3) e estou sempre pensando nas ideias e pegando inspirações das músicas que eu ouço. Não queria demorar tanto dessa vez, mas nunca se sabe.
Já tive uma implicância federal com o Daylight mas não quis alimentar esse monstrinho, senão eu nunca vou andar pra frente.
Pequenas alegrias cotidianas
Tenho conseguido treinar as músicas no baixo com alguma frequência decente. Mantendo esse ritmo, vou conseguir zerar logo a lista de 15 músicas que deixei penduradas no ano passado. Capaz de eu conseguir pegar umas duas por semana e ir adicionando partes de Carry On Wayward Son, ninguém disse que era fácil, mas estou pegando aos poucos.
Comecei as leituras de 2025 com um dos livros que comprei e coloquei na prateleira sem pressa de ler. É um livro de poesias, e eu tenho um problema com poesia que eu deito na cama com o livro na mão numa manhã qualquer e engulo o livro de uma vez só. Tem nem mais onde enfiar livro, mas a lista de desejos da Amazon cresce que é uma beleza.
Andei escrevendo uns versos e uns parágrafos também. Devagar, mas satisfeita com o progresso. Tive um daqueles sonhos doidos que me fazem dormir até meio dia porque eu quero saber como termina, e a quantidade de detalhes tem potencial pra virar um romance inteiro. De novo - pena que eu não tenho tempo pra desenvolver todas essas ideias que eu tenho arquivadas e transformá-las em histórias de verdade. Dá até saudade e quando eu ficava escrevendo fanfic no caderno do governo e minha mãe ficava implicando porque eu continuava escrevendo e escrevendo em vez de ir lavar a louça.
Comecei a segunda pós também, porque quando resolvi fazer a primeira no ano retrasado, ganhei uma segunda grátis. E já estou gostando dessa também. Só que dessa vez não posso comer mosca e demorar pra fazer o TCC.
Bom, já escrevi um monte né?
Mês que vem eu volto com outro videozinho desses ou quem sabe com uma música nova (que na minha cabeça já ficou velha).
Obrigada sempre por ler minhas divagações!
Até a próxima!